sexta-feira, 4 de junho de 2010

Auto-Retrato

Sou assim, um vulcão adormecido:
Uma estrofe de canção
um acorde no violão
um pedaço de papel
muita tinta no pincel
e uma caneta na mão.
Muito colorida
pouco organizada
sempre de partida
e procurando uma morada.
Observo, avalio e pondero
não julgo, mas muitas vezes condeno
não entendo e nunca ordeno.
Excluo da mesma forma que incluo
esqueço o que não gosto,
o que foi mal e o que lembrar não posso.
Não sei dizer não
não sei ficar sem chão
me perco quando o amor vira bola de sabão.
Gosto de gente humilde
de gente simples e de gestos simples,
não gosto de pompa
nem de multidão,
muito menos de café forte
ou de manteiga no pão.
Sou assim, um vulcão em erupção:
Derramo lavas de paixão
no silêncio de minha emoção
me queimo no fogo ardente
das notas quentes da razão.
Me irrito sempre porque sempre facilito,
e pra ter paz eu até grito.
Da verdade eu tiro até o bagaço
e dela faço um laço
que me amarre na liberdade,
que me afaste do fracasso
e abençoe tudo o que faço.
Não suporto mentira e falsidade
gente que usa
gente que abusa
e gente que gruda.
Amor pra mim não tem idade
e o que mais vale é a felicidade.
Se me apertam eu choro,
mas se me tocam eu grito,
tenho medo de altura,
e detesto tudo que é mito.
Espero sempre muito tempo
e por isso dizem que sou paciente
mas na verdade apenas espero
deixar o tempo esfriar minha mente.
Sou por vezes demasiadamente passional,
e por outras exageradamente racional
e do jeito que acredito acredito,
fica o dito pelo não dito.
Choro a noite escondidinho
a frustração do tempo perdido
a falta do que me foi roubado
a dor de um coração partido.
Tenho saudades dos sonhos sonhados,
e dos sonhos não realizados,
dos sonhos perdidos,
e dos que nunca foram encontrados.
Tenho saudades do que não fui
do que não fiz,
do que não vi,
do que não vivi,
e me pergunto sempre porque parti,
afinal, vim dali e cheguei aqui.
Sou assim, um vulcão antigo, perdido, apagado,
mas falta pouco para que ele faça muito estrago 

Então me dizes : Tu, quem és ?

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